METAL SUL FESTIVAL II - Entrevista com a produtora Cláudia Knust

"Espero que possamos continuar neste caminho da cultura por muito tempo ainda, pois é uma das formas que podemos melhorar o mundo em que vivemos."




 (Apresentação do Metal Sul Festival,
Caxias do Sul primeira edição). crédito Mateus Foletto
HEAVYNROLL  - Tudo bem Cláudia? Agradeço a oportunidade desta entrevista e bora falar de você e do Metal Sul Festival?

CLÁUDIA - Olá, Marco. Prazer enorme poder falar contigo sobre o festival e demais atividades minhas como produtora. Muito obrigada!

HEAVYNROLL  - Próximo de acontecer a segunda edição do Metal Sul Festival, não podemos deixar de fazer uma avaliação do que foi o primeiro em 2017. Eu, particularmente, estive em ao menos 1 dia em Caxias do Sul e fiquei impressionado com a qualidade de toda a produção do evento e dos shows. Gostaria que você fizesse um resumo do que foi o primeiro MSF e a repercussão.

CLÁUDIA - Realmente, a primeira edição do MSF tivemos uma estrutura de primeira mesmo. Não economizamos na contratação de uma das melhores equipes de sonorização da serra. A grande questão é que, como ganhamos, na época, um recurso muito bom através de edital público, conseguimos que esta fosse uma das principais premissas. A repercussão foi excelente, pois as bandas ficaram muito satisfeitas e a margem de erro e problemas com a técnica foi quase nula. Este era um dos principais objetivos do festival: proporcionar às bandas uma qualidade que, geralmente, elas não têm em festivais.

HEAVYNROLL  - Na primeira edição, o MSF teve o apoio governamental, tornando-se inclusive, o primeiro festival de Heavy Metal do estado a ter este tipo de incentivo, porém, nesta edição as coisas acontecerão através do incentivo popular, via crowdfunding. Explique um pouco sobre isso e se é possível ainda ajudar no financiamento.

CLÁUDIA - Temos muito orgulho de ser o primeiro festival de Heavy Metal a submeter um projeto deste gênero em edital público e ser contemplados. Isto possibilitou que fizéssemos um baita evento. Nesta edição, realmente, a realidade é outra, pois o recurso que temos não chega nem perto do que tivemos naquela ocasião. Fizemos sim uma campanha vi crowndfunding, mas lamentavelmente, não conseguimos o retorno esperado. Foram poucas aquisições de recompensas. Mas ao mesmo tempo, buscamos parcerias e temos conseguido muita coisa. 

Temos apoio das prefeituras com a cedência dos espaços, sonorização e estamos contando com o patrocínio de algumas empresas como Lands Craft Beer, Trinker Cervejaria e Bereit Engenharia. Isto, realmente não tem preço, pois são empresas que estão apostando no potencial do MSF e, quem sabe, isto nos faça um grande festival, em nível regional, quem sabe, nacional algum dia. O público pode colaborar sim, comparecendo ao festival, que é totalmente gratuito e comprando os produtos das bandas e do próprio festival que teremos à venda nos dias dos shows. Certamente, será uma grande ajuda.



HEAVYNROLL  - A forma da escolha das bandas nesta edição também foram um pouco diferente. Pelo que li, teve mais de 100 bandas inscritas e avaliadas por um corpo de jurados. Quais foram os critérios desta seleção?

CLÁUDIA - Exato! Foram muitas dezenas de bandas indicadas. E bandas excelentes e, em sua maioria autoral. A curadoria desta edição é composta por integrantes de bandas e outros participantes do primeiro MSF. A ideia da curadoria é que os artistas da edição passada não esqueça do nosso festival e continue engajado com a ideia do movimento que estamos fazendo. Eles sempre serão os artistas da primeira edição e isto, um dia, será história!

Os critérios para escolha das bandas foi a apresentação delas nas redes sociais, acesso aos seus materiais, podendo assim, ser um mecanismo de busca para ouvir, ver e assistir seus materiais. Obviamente, a qualidade sonora e artística foi o ponto principal, mas, de alguma forma, precisávamos ter acesso a este material.

HEAVYNROLL  - Além disso, teremos nomes clássicos como convidados e a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo tocando com o Leviaethan, em comemoração aos 35 anos da banda. Ou seja, um momento histórico e imperdível para a música pesada gaucha, não é mesmo?

CLÁUDIA - Certamente! A exemplo da edição passada, onde pudemos proporcionar ao público este momento único de uma orquestra de sopros tocando clássicos do metal mundial, inclusive SLAYER, confesso que nunca vi isto (risos), estamos, novamente com a participação da OSNH. Desta vez, acredito que será mais inovador ainda por se tratar de arranjos tão únicos, de uma banda gaúcha que representa tanto para o metal nacional, que é a LEVIAETHAN. Confesso que estou ansiosa para saber o resultado destes arranjos que o maestro Gilberto Salvagni está trabalhando.

crédito Indy Lopes
HEAVYNROLL  - Paralelamente as apresentações, segundo o release, o evento contará com o MS Criativo e o MS Incentiva, além de painéis, debates e oficinas com assuntos pertinentes ao universo do som pesado. Como vai funcionar estas ferramentas?

CLÁUDIA - Nesta edição, infelizmente não conseguimos agregar tantas destas atividades quanto na primeira, por diversos fatores: tempo dos convidados, recursos financeiros, estrutura, entre outras questões. Além do quê, muitas pessoas têm seus próprios projetos em andamento e é uma luta diária para que todos tenham seu próprio espaço. Mesmo assim, workshop com luthier, roda de bate papo com integrantes do RS Criativo, da Secretaria de Estado da Cultura, onde falarão sobre o mercado da música, além de uma mostra do RS Criativo, que é um apanhado de vídeos de profissionais que falam sobre dicas de como as bandas podem elaborar seus materiais de apresentação. 

O MS Incentiva é o espaço para venda de artigos das bandas e outros empreendedores. Uma novidade também é o MS Solidário, onde faremos arrecadação de brinquedos para doação às crianças carentes da cidade.

HEAVYNROLL  - Fiquei sabendo, através da própria Márcia Paim obviamente, que haverá uma parceria com o NDM2019 (Natal do Metal). Pode descrever como será esta parceria e a importância de unir forças, tanto pela música quanto pelo objetivo social?

CLÁUDIA - Sim! Eu tenho muito forte em mim que ninguém faz nada sozinho e que nós, de certa forma, quando temos mais condições, devemos ajudar os que não têm. Queria muito incorporar uma ação social no MSF, mas não tinha decidido ainda qual. Vi uma postagem da Márcia nas redes sociais, falando do Natal do Metal, sobre arrecadação de brinquedos e pensei: “é isso ai”! Logo fiz contato com ela e acertamos a parceria, inicialmente em Caxias do Sul.

Falei com o secretário de Cultura de Bento e iremos fazer a ação também lá. E como nós estamos queremos muito estimular a música na vida das pessoas, nada melhor que começar pelos pequenos. Então, quem doar um brinquedo musical irá concorrer a brindes no MSF... Temos muitas ofertas das bandas como camisetas, CDs, cervejas, artigos bem legais que poderemos sortear para quem fizer este tipo de doação.

HEAVYNROLL  - Vamos falar um pouco sobre a sua trajetória Cláudia? Você é produtora há 20 anos, aliás, comemorando esta marca em 2019, tendo diversos eventos de sucesso passados pelas tuas mãos. Mas, quem é Cláudia Kunst? Qual a sua formação, trabalho e aspirações?

CLÁUDIA - Verdade, são 20 anos desde minha primeira produção. Dia 10 de dezembro, mais precisamente, quando aconteceu o festival The Best of Metal, na cidade de Dois Irmãos. Bem... Iniciei a faculdade de Jornalismo, mas não conclui e atuei em diversas áreas desde que comecei a trabalhar, aos 12 anos. Mas as que se destacam, realmente é o jornalismo, quando iniciei aos 16 anos, no jornal local da minha cidade, Jornal Dois Irmãos, tendo tido uma experiência que hoje soma quase 25 anos e logo depois, a produção, onde realizei vários festivais, produzi bandas e executei vários projetos culturais.

Recebi alguns prêmios e fui contemplada em editais também. Hoje tenho uma produtora, que completou em setembro, cinco anos existência. E espero que possamos continuar neste caminho da cultura por muito tempo ainda, pois é uma das formas que podemos melhorar o mundo em que vivemos.

(Produção do show do Amorphis, no Centro de Eventos Fiergs durante o Inked Art Tattoo).
crédito Indy Lopes
HEAVYNROLL  - Quando surgiu este amor, podemos dizer assim, pela música pesada e quando você percebeu que poderia contribuir para, ao menos, tentar fazer alguma coisa por ela? Ah, e qual é o segmento do estilo que você mais gosta?

CLÁUDIA - O amor pela música sempre existiu. Minha família é muito musical, lembro do meu avô ouvindo muita música e meu pai e tios também. As festas da família Kunst nunca faltava música. E o mais legal, muito rock, entre outros estilos. Confesso que não lembro quando a música pesada entrou na minha vida, pois foi uma crescente... meu pai ouvia rock e fomos aumentando o peso, por assim dizer.

Eu sempre soube que algum dia eu trabalharia com música, só não sabia como. Meus irmãos tinham uma banda, a EMPIRE OF DARKNESS, que na época, na minha cidade, era uma das mais respeitadas e admiradas pelo público que fazia som. Foi ai que pensei, acho que eu poderia fazer um evento onde pudesse colocá-los para tocar, entre outras bandas de amigos. E foi ai que surgiu o The Best of Metal. Foi muito legal na época, pois existia um movimento intenso de jovens fazendo e consumindo música.

Eu gosto de muita coisa... posso dizer que a música é uma ferramenta poderosa pra mim. Não saberia te dizer o segmento que mais gosto porque amo demais a música e, tudo que me soa bem aos ouvidos ou absorvo.

crédito Mateus Foletto
HEAVYNROLL  - Como produtora, acredito que, mesmo tendo o visível respeito as bandas clássicas e históricas daqui, você esteja antenada às novidades que vem surgindo. Numa opinião pessoal e, porque não profissional, como você vê a cena autoral pesada do Rio Grande do Sul? As bandas estão preparadas? Qual o nível de qualidade que encontramos por aqui em relação ao que vemos a nível nacional e até mundial?

CLÁUDIA - Com certeza as bandas aqui do Rio Grande do Sul estão preparadas. Tenho ido mais aos festivais e shows e tento saber o que está acontecendo. Não da pra acompanhar tudo porque existe uma efervescência enorme em termos de produção e as informações estão sendo disseminadas rapidamente. Mas com certeza, pelo que vimos na curadoria do MSF as bandas estão com uma qualidade sonora absurda.

Falta um pouquinho de lapidação estética em seus materiais de apresentação. Mas isto é um detalhe que pode ser corrigido facilmente, porque também temos profissionais da área criativa excelentes. Houve um tempo em que o metal no estado estava enfraquecido, mas acredito que possamos estar de volta aos bons tempos, onde nomes gaúchos poderão, em breve, se projetar nacional e, quem sabe, mundialmente, junto das maiores bandas.

HEAVYNROLL  - Para finalizar, agradeço novamente o seu tempo e deixo, como de praxe, este espeço para você fazer as suas ponderações finais e passar o serviço para o pessoal que pretende prestigiar o MSF II em Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

CLÁUDIA - Marco, meu querido, eu agradeço imensamente este espaço, pois precisamos mesmo disto. Apoio à cena é isso aí, bandas tocando, produtores realizando, imprensa divulgando e, o mais importante, público participando. Uso, então, esta oportunidade para convidar todo público apreciador da música pesada a comparecer, inicialmente em Bento Gonçalves, na Rua Coberta, nos dias 1 e 2 de novembro e depois em Caxias do Sul, nos dias 6 e 7 de dezembro, no Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás. Toda a programação é gratuita e, a exemplo do primeiro MSF, vamos celebrar o heavy metal com muitos shows e confraternização entre amigos. Muito obrigada!



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