ESCOMBRO: Revigora o hardcore em novo EP 'Eutanásia Social'

EP, lançado pela Artico Music, traz participação de Fábio Prandini, do Paura


Foto: Jow Head
O ESCOMBRO inaugura uma nova fase da curta e sólida carreira com o EP 'Eutanásia Social', um passo adiante do disco de estreia homônimo de 2017. São cinco composições viscerais, com passagens brutais e recheadas de levadas dinâmicas. Nesta toada, este registro do quarteto paulistano lançado pela Artico Music nas principais plataformas de streaming é também, sem exageros, um marco do hardcore nacional devido ao profissionalismo e criatividade única que rondam suas músicas, letras e concepção artística. 

Ouça aqui: 

'Eutanásia Social' é tanto o nome de uma das faixas como o conceito do EP, com arte gráfica assinada por Pedro Von Haggen. Como explica o vocalista Jota, o termo faz um alerta ao estado alarmante e à beira do colapso em que se encontra a sociedade brasileira. “Tem uma galera que está sendo desligada do mundo, tamanho é a descaso com o que a cerca; só pensam em si, num grau zero de consciência social, ao mesmo tem que, por outro lado, o povo é constantemente sabotado por estes governos corruptos”.

Duas participações marcam 'Eutanásia Social'. Em “Libertar”, Fábio Prandini, do PAURA, canta algumas partes e aumenta a pressão da carga revolucionária da faixa. Para Jota, entre todas as participações que o ESCOMBRO já teve, esta é a mais representativa. “Depois de Ratos do Porão, Paura é a mais importante do hardcore nacional. E rolou muito bem! Admiro muito ele como vocalista e pessoa, um guerreiro do hardcore”.

A letra de “Libertar” expõe o lado político do ESCOMBRO, que desta vez resolve se posicionar contra aqueles que alimentam o ódio e segregam a já cambaleante sociedade brasileira. “Escrevi a letra pensando em quem apoia incondicionalmente o Jair Bolsonaro, e tinha rolado aquela parada do Orgulho Branco nos EUA, e pensei em escrever em se libertar em tudo sobre isso, o ódio, sexismo, racismo, homofobia. O hardcore que conheço é um cenário libertário sem espaço para esse tipo de coisa”, enfatiza Jota.

O mexicano Chema Valenzuela Galero é o outro convidado, nome forte da cena hardcore/hip-hop do país latino. Ele canta com Jota em “Hijos de la calle”, uma música com beatdowns, cantada em português e em espanhol. “É uma faixa importante. Galero construiu a letra pensando numa revolução, da galera manifestando e indo pra frente dos políticos, uma visão muito parecida com a do Escombro”. Nesta faixa, ainda há, no início e no fim, a incursão de pequenos fragmentos de clássicos do rap, que são influencias para todos do Escombro.

As demais faixas são “Eutanásia Social”, inspirada numa vivência pessoal de Jota que aborda o desesperador sistema público de saúde na mais agressiva e crua música do EP, com uma pegada quase punk. “Vivi um dia de SUS e fiquei puto”. Tem também a “Entre Lobos”, o single deste material lançado mês passado, e “Descaso”, um manifesto contra a uma das tantas formas de violência que machucam o indivíduo: a política. “O que é violento de verdade? Violento é o que o governo faz com o nosso povo. Gente morado ao lado do esgoto, gente que sai da escola analfabeto, o judiciário que só funciona pra quem tem grana. O Brasil e o país do descaso e essa faixa é um desabafo brutal”, pontua.

Estamos bem contentes com o resulto de Eutanásia Social, contentes com a qualidade da gravação e do potencial das músicas. Acredito que atingimos um outro nível”, finaliza o vocalista. ■




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