[Resenha] ENGENHEIROS DO HAWAII - "Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém" (1988)

Obra prima da banda está fazendo 30 anos em 2018!!!



NE: Resenha Originalmente publicada em 15.04.2017

Hoje, trago a vocês um dos meus álbuns favoritos no rock nacional, o incrível "Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém" do então power trio ENGENHEIROS DO HAWAII.  

Enquanto os 2 primeiros álbuns do grupo gaúcho trazia um rock mais comportado, com aquela sonoridade típica do oitentista rock nacional, com letras bonitinhas e instrumental pop, neste terceiro trabalho, com a banda mais estruturada e reconhecida, HUMBERTO GESSINGER, AUGUSTO LICKS e CARLOS MALTZ experimentavam mais suas capacidades técnicas. Parece até pretensioso, mas comparo esta fase do EH quase como um RUSH brasileiro, pelas características harmônicas e melódicas, mas sem a "quebradeira". 

Se HUMBERTO já demonstrava uma certa desenvoltura como baixista nos trabalhos anteriores, aqui ele esbanja técnica e muito feeling, sem contar seu timbre de voz, muito agradável e técnico. LICKS então, é um dos melhores guitarristas da história do rock brasileiro, porém subestimado, talvez ofuscado pelo frenesi que cercaram GESSINGER na época. Já MALTZ era um batera "comum", não fazia nada extraordinário, mas sempre foi muito criativo, firme e preciso.

Escuto "OOQED,NON" desde que foi lançado ainda em vinil, - foi um dos meus primeiros álbuns de rock que tive e ouvi na vida - e ainda me surpreendo com ele. As letras de HUMBERTO, sempre com umas sacadas geniais, aliás, como letrista, o considero tão bom ou melhor que grandes medalhões do rock nacional, como CAZUZA e RENATO RUSSO. As letras de HUMBERTO são inteligentes, com jogos de palavras incríveis, que realmente faz você pensar, como na música "A Verdade a Ver Navios" onde ele diz: "É muito engraçado, que as armas sejam capazes de tudo e todo mundo acabar no dia D na hora H", uma das melhores letras do álbum.

Dentre os sons, tem a faixa título, que é um verdadeiro petardo, com uma letra genial. Apesar do álbum inteiro ser fantástico e não ter uma só meia boca, quero destacar aqui também "Cidade em Chamas", com uma introdução com apenas voz e um baixo fazendo acordes para depois evoluir em algo quase dançante, se não fosse o clima melancólico. O clima e solo de LICKS no meio da faixa é algo surpreendente.

Um dos singles do álbum, lembro de ter ouvido muito no rádio "Somos Quem Podemos Ser". Ela é melancólica e melódica, com ótimos arranjos de guitarras e teclados. Já a introdução de guitarra e baixo da pesada "Sob o Tapete" é fantástico, que sonzeira!

"Nem sempre faço o que é melhor pra mim, mas nunca faço o que não estou afim", uma frase marcante de "Nunca Se Sabe", uma música bem pra cima, apesar dos tons menores. A introdução de "Tribos e Tribunais" é um clássico! Começando com um belíssimo fraseados de baixo e guitarra, depois a música evolui pra um rockão com ótimas linhas melódicas. Confira abaixo.

Pra fechar, temos a progressiva "Variações do Mesmo Tema", que conta ainda com a voz de AUGUSTO lá pelo final, - nos 3mins - , antes de um momento pesado e quebrado, para acabar com chave de ouro!



Logo após de "OOQED,NON" temos o álbum "O Papa é Pop" (1990), que apesar de ser um grande trabalho, mostra a volta a uma abordagem mais comercial por parte da banda, por isso mesmo, este álbum, "Ouço Que eu Digo..." é meu favorito! Ele mostra esse momento "foda-se" da banda, um momento muito criativo e mágico. Sinto que o próprio HUMBERTO o renega um pouco, já que é pouco tocado nos shows. EU, gosto de toda a discografia, em todos os álbuns há passagens memoráveis, mas este, sem dúvida, considero uma Obra Prima!!

NOTA - 10-M 
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ENGENHEIROS DO HAWAII - "Ouça O Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém" (1988)
tracklist
01. Ouça o Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém
02. Cidade Em Chamas
03. Somos Quem Podemos Ser
04. Sob o Tapete
05. Desde Quando
06. Nunca Se Sabe
07. A Verdade a Ver Navios
08. Tribos e Tribunais
09. Pra Entender
10. Quem Diria
11. Variações Sobre Um Mesmo Tema

Line-up
Humberto Gessinger - voz, baixo, guitarra
Augusto Licks - guitarra, violão, teclados, piano, voz (faixa 11)
Carlos Maltz - bateria






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