JEAN MONTELLI: “Temos que plantar bons frutos, para colher os merecimentos”.
[ENTREVISTA] Por Geraldo Andrade

HEAVYNROLL - Jean, tudo bem? Antes de começar a nossa conversa, quero te agradecer em nome do Heavynroll por nos conceder essa entrevista.
J M - Tudo ótimo comigo. Geraldo e todos os amigos da Heavynroll, eu que sou grato pela atenção e oportunidade!
HEAVYNROLL - Vamos começar falando um pouco do teu inicio. Como começou a tua paixão pelo rock n roll?
J M – Bom, tudo começou bem cedo, quando eu tinha 6 anos de idade, em 1987. O meu primo irmão mais velho me apresentou bandas clássicas como LED ZEPPELIN, DEEP PURPLE, BLACK SABBATH e PINK FLOYD. Desde então, fui trilhando meu caminho na descoberta do universo rock e musical, foi uma sequência de horas, dias e anos conhecendo novos sons e quanto mais escutava mais crescia o amor por música, rock n roll e quase todas as vertentes de rock. Até os dias de hoje sou assim e será por toda minha existência.
HEAVYNROLL - O que te levou a escolher a bateria?
J M – Sinceramente foi ao natural. Eu, com 7 anos de idade, comecei a desmontar panelas da minha avó e pazinhas de matar moscas (risos) que vinham naquela época com cabo de madeira e ficava batucando em tudo. Desde então comecei a prestar atenção no que os bateristas das bandas estavam tocando, e lembro que o meu primeiro contato com o instrumento foi logo em seguida, quando fui a um clube que sou sócio ainda e estava tendo passagem de som de uma banda de baile. Eu fiquei fascinado olhando a bateria e o baterista tocando, tanto que eu acho que chamei atenção de todos ali trabalhando e eles me chamaram para ir até a bateria e foi ai que caiu a ficha. Logo que sentei no banquinho da bateria e tive aquela visão, lembro até hoje desse momento com muita nitidez, logo pensei sem demora: “É isso que eu quero para a minha vida!”.
HEAVYNROLL - Você já estudou em várias escolas de músicas e com grandes músicos, pode contar para nós essas suas experiências? Em que você é formado?
J M – Claro. Antes de mudar de cidade, ainda em Pelotas, estudei no ILA, instituto de belas artes da faculdade Federal de Pelotas nos cursos de extensão de teoria musical e pratica para bateristas nos 3 níveis: iniciante, intermediário e avançado, com o Professor Maurício Veiras. Depois, já morando em Porto Alegre, continuei estudando, agora buscando informação erudita na escola da O.S.P.A. em caixa clara e tímpano. Passados 3 anos, em 2004, graças ao meu pai e o investimento dele e da minha família, fui a São Paulo estudar com o baterista da banda Dr. SIN, Ivan Busic, e naturalmente nos tornamos muito amigos e irmãos. Além disso, continuo sempre estudando e buscando informação e tenho muito a aprender ainda, amo tudo isso (risos).
J.M. - John Bonham, Pat Torpey, Eric Singer, Mike Mangini, Deen Castronovo, Vinnie Paul e Phil Collings
HEAVYNROLL - Quais bateristas você destacaria hoje em dia, independente do estilo ou quem?
J M - Gosto do trabalho do baterista James Cassells do ASKING ALEXANDRIA, também tem o meu amigão Renato Siqueira do IT´S ALL RED, que vem desbravando com a banda dele uma posição única no mercado que é merecido, e tem o batera Ilan Rubin do N.I.N., ele tem uma linguagem bem criativa e direta de interpretação bem legal.
HEAVYNROLL - O que você ouve hoje em dia?
J M - Música boa, sem distinção de fronteiras.
HEAVYNROLL - Que equipamentos você usa e de quais marcas você é endorsee?
J M - Eu uso Peles LUEN para bateria modelos Dudu Portes, baquetas Liverpool, Baterias ferragens e acessórios Pearl.
HEAVYNROLL - Quais são as bandas e projetos que você participa hoje em dia? Poderia falar um pouco de cada um?
J M - Neste mês de Agosto estamos eu e o Valdi Dalla Rosa completando 8 anos de banda junto ao guitarrista Richard Powell. Além do trabalho com Richard, mantemos trabalhos paralelos com outras bandas, e o que estou muito feliz de poder participar é da banda solo do Valdi, que demos inicio as atividades assumindo uma grande responsabilidade de fazer o primeiro show no Festival de Baixo em Bento Gonçalves. Lá foi o "start" da banda na estrada, estamos com o projeto de começar a gravar ainda neste mês o primeiro CD solo do Valdi, e com certeza vai vir novidades muito boas pela frente. Além disso, quando se tem oportunidade de show com banda, eu acompanho o cantor Jader Leal que é outro universo, o da música tradicionalista gaúcha.
HEAVYNROLL - Recentemente acompanhei Valdi Dalla Rosa & Banda, no Festival de Baixo de Bento Gonçalves, no qual você é baterista. Conta para nós, como foi à primeira apresentação da banda ao vivo? E o que você achou do Festival?
J M - O festival é incomparável, não existe nada igual! Tudo, desde os organizadores, local, back line para as apresentações, parceiros de palco e o público! Para nós em especial, te confesso que fiquei muito honrado de poder estar lá acompanhado meu irmão de banda e estrada, e com certeza queremos voltar sempre a Bento para fazer shows.
Para nós três foi muito importante poder realizar o show e não poderia ter sido melhor a execução dos temas, ensaiamos bastante para nos apresentarmos. Como sempre, eu e o Valdi sempre trabalhamos, tanto junto do Richard, quanto com a banda do guitarrista Edu Ardanuy aqui no Sul, quando o acompanhamos no projeto Guitar’s Night. Acredito que nos dedicamos mais ainda em relação ao inicio do trabalho solo do Valdi. São belos temas instrumentais, e desde o começo dos ensaios trabalhamos à finco com todo cuidado de grooves da banda, o momento de deixar o Valdi solar e retomarmos um groove poderoso com uma linha melódica marcante e assim será o primeiro CD!

J M - Verdade (risos), é um auto bulling que eu pratico quando vou fazer show (risos)... Eu tenho mesmo pânico de ficar no local do show entre passar som e fazer o show. Eu olho para aquele espaço todo, o ecoar das conversas dos técnicos de som, músicos, enfim, esse momento eu fico torcendo para que passe logo. Por isso eu fico dentro do camarim e não saio de jeito nenhum (mais risos) eu sei que é bobagem, e às vezes o pessoal acha que eu estou bravo ou sou antissocial por isso, mas na verdade é o momento que preciso estar “dentro do casulo”.
Mesmo assim, como foi no festival, ainda bem que tive companhia para contar “histórias da estrada” e rir bastante, valeu a atenção Geraldo!
HEAVYNROLL - Você foi baterista da DRACO, pode falar da tua passagem pela banda?
J M - Foi muito rápido e intenso. Com eles gravei um single com regravações do primeiro CD, uma inédita que eu assino junto na composição e dois cover´s. Além de um show memorável em São Paulo e alguns shows aqui no Sul. Como pessoa e baterista que sou, valeu bastante à experiência e são coisas da vida, temos caminhos diferentes.
HEAVYNROLL - Ainda falando da DRACO, tive a oportunidade de encontrar vocês na Expomusic 2012 em São Paulo. Qual a sua opinião sobre esse tipo de evento? Você aconselharia aos músicos participarem de eventos desse porte?
J M - Para nós músicos e toda indústria musical, como equipamentos, mídias, é o grande momento do ano, junto com a festa nacional da música, que acontece logo em seguida no mês de Outubro em Canela, onde também, sempre que posso, estou presente!
É aquele momento que, de fato, dinheiro nenhum pode pagar, que é quando o público que nos acompanha vem falar com a gente, tirar uma foto, trocar uma ideia, e nós músicos podemos estar em contato com as novidades do mercado, negócios e fazer novos parceiros e amigos sempre.
HEAVYNROLL - Em 2010, você lançou o DVD-Release, pode comentar sobre esse seu trabalho? Como foi a recepção?
J M - Foi logo no inicio de 2010, gravado em uma tarde muito quente de Janeiro, num Domingo que parecia estar congelado, com certeza aquele dia durou 28 horas! (risos) Eu vinha pesquisando, já a mais de um ano, em como lançar um material dinâmico, desta maneira cheguei a um DVD-Release, e que eu me informei a respeito o primeiro a nível nacional de forma oficial gravado por um baterista. Hoje em dia está tudo na mão e muito rápido, a tecnologia quase na velocidade da luz, então eu olhava para os meus kit’s (release impresso, CD´s, revistas com matérias comigo) sentado na minha cadeira dentro, do meu mundo ali no meu escritório em casa e pensava: "Ninguém mais tem tempo e espaço para guardar esse monte de tralha... Bom, esta na hora de mudar!" E junto do meu amigo e baterista também, Daniel Fontoura, produzimos o meu primeiro DVD mostrando o meu trabalho como baterista e com certeza aproveito a oportunidade de te contar em primeira mão que farei o meu segundo DVD logo em breve!
Sobre a recepção do DVD, foi super boa, acima de todas as minhas expectativas, mesmo sendo um DVD com venda proibida por ser um material de divulgação. Ultrapassou as seis mil cópias e fiquei sabendo que o meu DVD está até no Japão! Fico contente com isso, sempre me dedico bastante e me esforço sempre para dar o meu melhor em todos os meus trabalhos.
J M - Quase uma composição de metal progressivo (risos), outra novidade em primeira mão é que estamos preparando o quarto CD de inéditas do Richard Powell, terceiro da banda, temos o CD DOM de 2007, CD de 2011 promocional da Dgitech onde regravamos o hit do primeiro CD do Richard e todos com a mesma formação do Power trio Richard, Eu e Valdi.
Trabalho solo do Valdi em processo de gravação e estrada, meu workshow de bateria também indo para a estrada logo, sempre acompanhando alguma banda ou cantor(a) como músico contratado e estou sempre atento a novos desafios e oportunidades de tocar bateria!
Além de tudo, eu ganhei um presente dos meus irmãos Vitor Horn, Jader Leal e toda equipe da www.radiotertulia.com, que é onde eu tenho um personagem que se chama “Barbie-cacho”. Faz parte do programa semanal intitulado "Bobage Campera", sempre ao vivo, todas as Quintas feiras das 21h às 23h, um programa que tem o propósito de levar o bom humor, descontração e muita bobagem para todos que querem rir muito!
HEAVYNROLL - Qual a sua opinião do atual momento do rock no Brasil?
J M - Boa pergunta. Não te garanto que sou o cara mais certo para tal resposta. Porém, minha humilde opinião é que sempre temos que ter esperanças de melhoras! Pode parecer clichê, mas é sincero quando eu sublinho o aspecto de que temos muitas bandas boas, músicos e musicistas mais que talentosos ainda nas sombras. Não posso afirmar que é por negligencia deles mesmos ou da mídia, não tenho procuração deles para falar além da minha própria interpretação e entendimento do cenário atual nosso, como estado e pais, mas respondo por mim mesmo, não podemos nos entregar, temos o dom da adaptação ao ambiente como seres humanos, então temos que continuar caminhado em frente, descobrindo novas maneiras de divulgar e trabalhar as nossas obras, porque não existe outra maneira, temos que plantar bons frutos, para colher os merecimentos.
HEAVYNROLL - E a cena gaúcha? Como você a vê hoje em dia?
J M - Entre dias chuvosos, de sol claro e dias de luta... Sobrevivendo, as bandas e músicos estão "se puxando", como falamos aqui no Sul (risos). Eu acredito em dias melhores para todos nós.
HEAVYNROLL - Quais bandas no rock gaúcho e brasileiro, você destacaria hoje em dia?
J M - Bah! Pode parecer bairrismo da minha parte, mas o trabalho novo do Humberto Gessinger, show e álbum "Insular", está moendo tudo. Ele sempre teve grandes sacadas e simplicidade para trabalhar, é um cara que merece estar sempre voando, eu além de gostar da discografia, tenho enorme vontade de trabalhar com ele. Bah! Dos meus sonhos malucos um dos mais mesmo (risos)!
Agora, no momento é o que lembro, sem contar, claro, em minha opinião, uma das melhores bandas brasileiras de Rock mesmo o BARÃO VERMELHO, que voltou para estrada. Mais que necessário ter essa lenda ainda respirando e em atividade.
J M - Por sinal é que estou escutando agora! "T.Y.R." (Black Sabbath, 1990).
HEAVYNROLL - Um show inesquecível?
J M - Ozzy Osbourne Monster’s of Rock SP 1996, com Deen Castronovo na bateria!
HEAVYNROLL - Um sonho de Jean Montelli?
J M – Poder tocar com alguma banda ou cantor(a) do qual sou fã.
HEAVYNROLL - Um recado para os fãs e leitores do Heavynroll
J M - Vocês são tão importantes para nós, quanto nós podemos representar algum sentimento bom para vocês pelas nossas artes de tocar um instrumento. No meu caso como baterista é o que eu sempre tenho cuidado e amor, então eu só tenho a agradecer por vocês existirem e podem ter certeza que o motivo e causa da nossa dedicação e esforços sem medida são por vocês também!
E de coração, desejo bastante BOA música a todos e muito ROCK!!!
Valeu Geraldo e toda equipe do Heavynroll, de verdade, podem contar comigo, estou muito feliz com esse bate – papo, que seja o primeiro de tantos outros no futuro, valeu!
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