ANDERSON MADALOSSO: "Há de se criar na sociedade uma cultura de respeito pelas bandas da região, que por sua vez terão de procurar honrar esse respeito"
[Entrevista] Por Marco Paim
Dando seguimento a nossa série de entrevistas com profissionais dos bastidores da música. Hoje trago a vocês uma rápida entrevista com Anderson Madalosso (Chuck), Comunicador e Apresentador da rádio UCS FM, que também é músico e nos revelou alguns detalhes sobre a rotina na rádio.
HEAVYNROLL - Por que bandas locais tocam tão pouco em rádios abertas. Falta de interesse das rádios ou das bandas?
ANDERSON - Isso é histórico aqui da nossa região. Há tempos as rádios não dedicam espaço às bandas daqui. Mas isso é um reflexo da sociedade. Em 2003, se você anunciasse que tua banda faria um show apenas com composições próprias, salvo casos raros, a bilheteria seria fraquíssima. Hoje, a coisa está mudando.
Outro problema era a qualidade (ou a falta dela) das composições e das produções musicais da maioria das bandas, até alguns anos. Hoje temos ótimas bandas e compositores de alto nível na região. Sem falar na evolução técnica dos estúdios de gravação e da capacitação das pessoas que trabalham nas produções. Quanto à veiculação nas rádios, temos de levar em consideração o estilo da banda e a segmentação da rádio. Não vejo como uma rádio popular, que toca sertanejo e pagode, tocar uma banda de Rock Alternativo. Também temos de pensar que, simplesmente botar pra tocar na rádio que pode abrir esse espaço, não é sinônimo de audiência garantida.
O programa tem que ser bem bolado e as bandas que tocarão, muito bem escolhidas. As rádios vivem de audiência. Mas, vejo boas possibilidades pela frente. Há de se criar na sociedade uma cultura de respeito pelas bandas da região, que por sua vez terão de procurar honrar esse respeito, com qualidade cada vez
maior.
maior.
HEAVYNROLL - Anos atrás havia uma cultura mais assídua de divulgação em rádios por parte das bandas. Eles iam com sua fitas K7´s, e posteriormente CD´s, bater na porta de grandes emissoras. Isso ainda acontece, mesmo sendo em pequena escala?
ANDERSON - Acontece, sim! E com as facilidades da internet, talvez tenham até aumentado consideravelmente. Não tenho números pra confirmar, mas deve ter aumentado significativamente. Sem contar nos profissionais (ou não) que trabalham nessas divulgações e fazem o trabalho de assessorar as bandas. Se a banda não for boa, não "bater" com o estilo da rádio, ou não possuir carisma, não adianta encher o saco do coordenador de programação da rádio, que não vai dar certo. Porque, ele pode até tocar o som, mas a música vai se garantir? Vai garantir que as pessoas vão gostar? Tem uma série de fatores que tem de ser levados em consideração.
HEAVYNROLL - Mas de fato, como acontece o processo para uma banda estar tocando no rádio?
ANDERSON - Em algumas rádios, sabemos que existe o tal do jabá. Não tenho experiência pra falar sobre isso. Mas sabemos que envolve uma troca de interesses pra forçar alguma banda. Seja ela boa ou ruim! Quanto ao processo pra tocar na Ucsfm Caxias do Sul, rádio na qual eu trabalho hoje, o melhor é perguntar para o Fernando Machado, nosso coordenador de programação. Não existe o jabá na Ucsfm. Mas posso adiantar que existem planos diferentes e inovadores para a veiculação das bandas daqui. O problema é que as coisas demoram. Tudo tem de ser bem pensado. Afinal, todos envolvidos querem que a coisa funcione! Não é?
Se o interesse das bandas é tocar para o máximo de pessoas possível, o que se tem de fazer é procurar o máximo de possibilidades possível. E tem muitas por aí. São várias as formas de mostrar o trabalho. Acho que esse é o primeiro passo pra alcançar as rádios. Afinal, as rádios buscam coisas novas e boas. E a sua banda, pode ser uma delas.
HEAVYNROLL - Qual a tua opinião sobre as web rádios, ou rádios on-line? Ouve um crescimento estrondoso neste tipo de mídia.
ANDERSON - Grande parte das emissoras que você ouve no seu rádio, pode ser conferida também pela internet. Quanto às radio "alternativas" que, como tu disseste, podemos conferir em grande número na Web, elas são justamente isso. Alternativas! Normalmente não existem mais do que duas ou três pessoas envolvidas, não há uma direção, algumas não tem nem preocupação com anunciantes, outras, nem segmentação tem. Mas é um mercado crescente. Existem boas rádios na Web. Um problema está no alcance dessas rádios. Algumas, nos EUA, atingem um bom público, mas aqui, estamos engatinhando,ainda.
Quantas pessoas podem ouvir uma Web radio alternativa simultaneamente? Pensa comigo: As alternativas tem isso? Rádio é informação, é companhia e troca. Isso! Tem de haver a troca com o ouvinte, senão, ela está fadada a não ter ouvintes e à falência.
HEAVYNROLL - Quais os programas que você apresenta?
ANDERSON - Café com Notícias, das 7 às 9hs da manhã. Mistura, Das 9 às 12hs e das 12 às 17hs. A programação dos meus horários eu faço, conforme a ideia de programação da rádio
HEAVYNROLL - E sendo tu, um cara do rock, tu tem espaço ou liberdade para adicionar na programação conteúdo do teu gosto?
ANDERSON - Eu posso indicar, sim! Mas passa pelo critério do Fernando. Inclusive fazemos isso.
Claro, tem muitas coisas que eu gosto, que não fazem parte da nossa programação. Mas isso é perfeitamente compreensível.
Até porque não faço a rádio pra mim! Faço minha programação pensando em que está do outro lado, sempre!
HEAVYNROLL - Havia um programa na UCS FM, o Musicaxias do Ricardo Dini. Era dedicado a produções locais. Não existe mais esse programa?
ANDERSON - Não! Mas existe uma ideia de um programa nesse sentido, com uma proposta muito legal. Nosso coordenador está trabalhando a ideia. Não posso "abrir" ainda. Mas adianto que é inovador. Aguardem!
HEAVYNROLL - Então tá Anderson. Tem mais alguma coisa que queira acrescentar. Deixo o espaço para as observações finais
ANDERSON - Cara! Eu gostaria de dizer que o trabalho nessa área faz com que a pessoa amplie seu conhecimento e sua "visão" da música. Penso que há música boa em quase todos os estilos. Em alguns eu ainda não consegui encontrar! (risos). Acho que as pessoas deveriam prestar atenção no que ouvem. Se o cara tiver mais de meia dúzia de neurônios funcionando, isso basta pra discernir o que presta do que não se deve ouvir! Quero agradecer a oportunidade, desejar vida longa ao Heavinroll e dizer que o Rock Wins!! Abraços
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