OS OITAVOS: Entrevista Com RICARDO DINI


Foto: Milena Leal
A banda Os Oitavos lançam neste sábado o Cd "Armas de Distração Em Massa", seu primeiro trabalho oficial financiado pelo Financiarte. Entramos em contato com a banda e quem nos conta um pouco desta história é Ricardo Dini, baterista do grupo.

HEAVYNROLL - Em que momento a banda foi formada e como chegaram ao nome Os Oitavos?


DINIA banda foi formada em 2003 pelo vocalista Johnnie (q tbm tocava baixo na época), por mim e por outro guitarrista. Em 2004 o Ismael assumiu o baixo. De 2003 até 2006 o nome da banda era "Princípio Ativo". De 2006 até 2009 usamos o nome de "Oitavo Dia" e em abril de 2009 o Lucas Daneluz entrou no lugar do antigo guitarrista e resolvemos profissionalizar a banda e mudamos o nome para Os Oitavos. "Oitavo Dia" significava uma experiência inédita. Porque a semana tem sete dias e sempre voltamos à mesma rotina. O oitavo dia seria um dia diferente, nunca vivido antes. E como não queríamos perder a ligação com o antigo nome, mudamos para Os Oitavos, que era como nos chamávamos nas trocas de e-mails.
O nome de uma banda é algo poético, não é científico, não exige uma explicação exata, dá margem para diferentes interpretações. Por exemplo, tem gente que acha q a gente se chama Os Oitavos por causa das oitavas da música. A gente prefere dizer q é porque somos procrastinadores, porque se fôssemos mais responsáveis talvez seríamos Os Primeiros, hehehe. Também tem outras interpretações, mas essas só vai saber quem for no show de lançamento, hahaha.

HEAVYNROLL - "Armas de Distração Em Massa", ótimo trocadilho. Há um significado por trás deste título?

DINI - Sim. "Armas de Distração em Massa" significa instrumentos de alienação. As letras do disco versam muito sobre alienação. Mas não só sobre os mecanismos tradicionais de alienação, como a televisão, mídia, etc. Falamos sobre orgulho, falta de perdão, medo, e outras coisas que nos alienam de nós mesmos e que não permitem avancemos coletivamente.... mas esse papo é uma longa história, hehehe.

Nota Heavynroll: A letra da música "Papel" é muito interessante, nos faz refletir sobre nosso papel no mundo que nos cerca. Aliás, as letras dos Oitavos são muito poéticas e ao mesmo tempo contundentes, uma mistura de romantismo e protesto, muito inteligente.

HEAVYNROLL - O álbum foi gravado em Porto Alegre no Estúdio Soma com o grande produtor Ray-Z e depois masterizado nos EUA. Isso fez a diferença na sonoridade da banda? Como foi a experiência em trabalhar com um produtor deste porte?

DINI - O Estúdio Soma é muito bom mesmo. Os caras que captaram o som são muito bons também, trabalham com alto profissionalismo. Os equipamentos são de ponta e estão novos! Várias bandas grandes estão gravando lá. Em 2010, no mesmo período em que a gente gravava, tbm estavam lá Reação em Cadeia, Claus e Vanessa, Chimarruts, etc. O Ray-Z é um baita produtor. Não é à toa que ele produziu o novo disco do Nenhum de Nós, Acústicos e Valvulados, Bidê ou Balde, Cartolas, Vera Loca, Júpiter Maçã, etc. Ele saca muito de música, técnica, equipamentos e mercado de trabalho. Mas ele é guitarrista, e nosso disco acabou ficando mais "rock" por causa das várias guitarras q ia dizendo pra gravarmos, hahaha. Um CD tem a cara do seu produtor (além da cara da banda, óbvio). É fundamental bandas trabalharem com produtor...alguém experiente. Faz toda a diferença. 

Sobre a masterização foi o seguinte. A gente já fez alguns show com a Pública e com os Cartolas. Eles masterizaram os seus mais recentes discos com o Dave Locke, nos EUA. Aí nos indicaram ele. E como nosso som tem a ver com o som dessas bandas, achamos que seria uma boa. E tem outra questão tbm....as masterizações de São Paulo são mais agressivas, eles jogam tudo lá pra cima...se obtém muito volume, mas perde-se dinâmica. O Dave é mais artista e menos comercial... ele respeita mais as dinâmicas, mas trás o som pra fora, com brilho e com o volume necessário pro som competir internacionalmente. Ele já masterizou até disco do Smashing Pumpkins. A empresa dele só trabalha com master... e ele é muito profissional... fez tudo em 3 dias, como tinha prometido.

HEAVYNROLL - O álbum foi financiado pelo Financiarte. Esse recurso está sendo de grande valia para os músicos locais, certo?

DINI - Os músicos de Caxias tem a maior sorte da história! Se não fosse pelo Financiarte, nunca gravaríamos um disco com tanta qualidade técnica. Poucas cidades no Brasil tem um incentivo cultural tão bom como o Financiarte.

HEAVYNROLL - No próximo dia 14 a banda o Cd no Teatro do Sesc. Por que em um teatro? O que vamos encontrar no show dos Oitavos?


DINI Porque em bar é necessário entreter. E nós não gostamos de entreter. Nossas composições não servem muito pra entretenimento. São mais pra reflexão e apreciação. Num teatro é arte pela arte. Quem vai até um teatro é porque está totalmente interessado na obra e não apenas em se divertir. Faremos turnê em bares, mas o repertório não será o mesmo e o clima também não. Quem for no teatro vai ouvir, além das músicas do disco, algumas histórias da banda, coisa que nao se faz em bar. 90% dos ingressos já foram vendidos. Tem q ser rápido no gatilho! hehehe


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*Procastinador: pessoa que evita ou adia tarefas importantes. o famoso "deixa pra depois".


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As maiores influências de Ricardo Dini:
  • John Bonham e Jimmy Page - como músico
  • Glenn Kaiser - como músico
  • Humberto Gessinger - como compositor
  • Thomas Stauch (Blind Guardian) e Eric Singer (Kiss) - como baterista
  • Cliff Sarcona (As Tall As Lions) - como baterista
Os 10 maiores álbuns 
  • You Can't Take It With You - As Tall As Lions)
  • Silence Is Easy - Star Sailor
  • The Joshua Tree - U2
  • The Bens - Radiohead
  • Ventura - Los Hermanos
  • Hot Fuss - The Killers
  • Black Holes and Revelations - Muse
  • Into The Wild - Eddie Vedder
  • Once - Glen Hansard e Markéta Irglová

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